MIRADOURO DE GAMARDO

O Miradouro do Gamardo fica em Quintela, freguesia de Ventosa. 
A vista sobre o vale do Vouga é deslumbrante e, por isso, aquele lugar é paragem obrigatória para quem quer descobrir os encantos e os mistérios da nossa terra.
O local é conhecido como Cruzeiro ou Miradouro do Gamardo, Cruzeiro da Independência ou, ainda, Cruzeiro dos Centenários.

Um pouco de história

Quem sobe ao Gamardo (localizado no lugar de Quintela, freguesia de Ventosa), facilmente compreende o fascínio dos povos primitivos e o porquê de Vouzela se ter tornado “cabeça” do território lafonense.
A vista sobre o vale do Vouga é deslumbrante e, por isso, aquele lugar é paragem obrigatória para quem quer descobrir os encantos e os mistérios da nossa terra.
O local é conhecido como Cruzeiro ou Miradouro do Gamardo, Cruzeiro da Independência ou, ainda, Cruzeiro dos Centenários.
Assim o é porque o monumento foi mandado edificar em pleno Estado Novo, para as comemorações dos 800 anos da Fundação (1140) e os 300 anos da Restauração (1640).
Pretendia Salazar, através de uma dupla celebração, comemorar a Independência e relembrar os que perderam a vida na guerra, lutando pela pátria. As efemérides assinalavam os 300 anos sobre a independência de Espanha e do reinado filipino, bem como os 800 anos sobre a fundação e a independência do reino de Portugal face a Castela.
Para o efeito, Salazar mandou criar as “comissões das Comemorações Centenárias”, encarregadas de garantir que por todo o país, freguesia a freguesia, seriam edificados novos cruzeiros (ou que os preexistentes receberiam melhorias, pois nem todas dispunham de recursos financeiros para novas construções).
A primeira fotografia que ali foi tirada mostra-nos um lugar ermo e rochoso, onde se agigantava a nova estrutura. Nela, o cruzeiro aparece ladeado de alguns padres, com as suas longas batinas escuras, e por alguns homens que manobravam dois carros de bois que, possivelmente, coadjuvam as obras.
Salazar, ordenou que todos os Cruzeiros da Independência:
1- Tivessem localização privilegiada, impondo-se que a estrutura fosse visível e notória na paisagem;
2- Ostentassem a esfera armilar e o escudo heráldico com as cinco quinas (antigas armas de Portugal).
3- Detivesse a inscrição: “VIII CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA.
III DA RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL 1940”
 
A inauguração do Gamardo aconteceu na data da efeméride, a 1 de dezembro de 1940 e, também por uma rara fotografia, sabemos que se tratou de um evento muito solene.
Nele, ajuntaram-se os ilustres da terra, o povo, a banda, diversos religiosos que procederam à bênção do cruzeiro e o presidente da Câmara de Vouzela, à altura Hermínio Augusto Dias.
A estrutura original é a mesma que lá se encontrara.
Trata-se de um monumento de pedra, em formato de obelisco.
É maior que muitos dos cruzeiros erigidos na década de 40 e possui 20 metros de altura.
Está assente numa base piramidal com sete degraus e o topo é ornamentado por uma cruz de granito, à volta da qual se encontra um círculo, também de pedra, fazendo lembrar a esfera armilar.
Como foi anunciado à época:
“O Cruzeiro da Independência unirá assim, neste momento histórico, todos os corações portugueses num só pensamento e numa só vibração de alma”.
 
Foto: Hermínio Dias
 
Retirado de “Vouzelar”